quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz natal e um próspero ano novo. Se puder!

Desejo que nesse ano de 2010 tenhamos a oportunidade, mais uma vez, de encarar a realidade dura das diferenças sociais e fazer a opção correta por qual tipo de sociedade queremos para nossos filhos.

O que estamos assistindo de cadeira não é minha opção...

Qual a sua?




sábado, 28 de novembro de 2009

NOME PRÓPRIO: O LIVRO ACABOU! PONTO FINAL.

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NOME PRÓRPIO.
Excelente título para um filme que revela uma adolescente, na primeira cena, expulsa de casa pelo namorado flagrada em uma relação amorosa com outra pessoa. Bem, Camila - personagem de Lendra Leal - quer que o cornudo aceite a traição sob o argumento da imprescindibilidade da experiência na composição do livro a ser elaborado. Parece que o velho e desgastado discurso do "meio justifica o fim" vale apenas para ela.
Continua com relações malsucedidas em busca de um amor romanesco, e, em nome dessa busca, tudo se justiça. Camila é a heroína que trai e que se justifica, em suas ações, pela busca irrefreável de um amor que a compreenda. É como dizer: destrói tua fé em nome de meu amor. Tudo bem?
A loucura é tão contagiosa que  o filme tenta, mas logo recua, criar uma personagem que faz com que Camila acredite no amor verdadeiro, e, por algum tempo, vomita frases impregnadas de bebida alcoólica, até descobrir, depois de alguns dias no apartamento, tentando localizá-lo, que ele não mais se interessa por ela. Aliás, gostei do fora: O livro acabou. "Ponto final".
Por fim, Camila, em seu apartamento, e aqui ninguém pergunte como ela paga o aluguel, pois não terá resposta, tecla as ações de sua personagem, que, agora, junta-se a Camila, cabeça baixa enquanto Camila olha para a câmera e sua boca cospe essa maravilha: de que está cheia de cicatrizes, mas que fez valer à pena cada uma. Da vontade de chorar...
O filme se sustenta na interpretação magistral de Leandra Leal, contudo não foi o suficiente, mesmo sem roupa durante quase todo o tempo, para garantir divertimento. Fica para próxima... Será?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – CONDENADO

O JULGAMENTO DE JUDAS


É até previsível a finalização do poema. O que não se esperava, pelo menos eu não esperava, era a condenação que, diga-se de passagem, foi rápida e sem sustentação, por força de  “nada mais redime a morte de Jesus”… Até parece que há uma preocupação de finalização por falta de argumentos racionais e, tampouco, místicos. Judas simplesmente sai de cena carregando sua cruz para junto de Jesus a quem ele reagiu violentamente como sendo “beneficiário” de sua dor.
Poderíamos pensar dentro dos limites cristãos a possibilidade de Judas retornar ao “Inferno”, local para onde vão os pecadores, no entanto…
Eis, então, a linha com a qual costurei minhas primeiras idéias de uma possível alegoria do poeta… (?)


Compreendo meus senhores.
Temeis o fogo eterno e seus horrores
E fugistes à liça...
Calaste à razão e a consciência...
Não vos pedi perdão nem clemência...
Só vos pedi-JUSTIÇA-


OH JUSTIÇA! OH JUSTIÇA! Existirás?
Eu te busco entre os homens... Não estás.
SOU JUDAS O MALDITO...
Subirei para o céu...Verei Jesus...
Levarei, sobre os ombros, minha cruz

No calor do meu grito


JUSTIÇA!
JUST!
JUS!

domingo, 15 de novembro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO, PARTE I

O JULGAMENTO DE JUDAS

Como dizer a uma população essencialmente cristã que o maior traidor da história  do homem não foi traidor!
É preciso que se diga que não estamos tratando do Judas histórico, mas do homem que se traveste de um pecado não assumido, mais imposto por autoridade  superior. O argumento é até simplório: Judas, como qualquer nome, foi escolhido por Deus para que se cumprisse um programa no qual Cristo, aqui entendido a força da natureza, fosse glorioso. Esse papel foi cumprido na totalidade, inclusive se observarmos o evangelho de Judas (apócrifo) veremos que Judas contribuiu para a libertação da alma de Jesus presa a um corpo físico, livrando-se do invólucro carnal  - pensamento gnóstico .
O homem a quem nos reportamos está amargo com aquilo que associa como traição e para criar a imagem de que necessita utiliza-se da traição de Judas. Nada mais.
A segunda parte,
DEFESA:
Assim se escreve a história do calvário
-cujo tema é fugaz e mesmo vário-
Num cenário de dor…
Sobre mim desce o látego que inflama
E em Jesus uma auréola se derrama
Entre cantos de amor.

Não foi pelo remorso que eu chorei,
Nem também de remorso me enforquei
Mas pela maldição
De jogarem-me contra a humanidade
Como um réu de traição e de maldade
Sem direito ao perdão!...

Mas, eu NÃO O TRAÍ! EU FUI TRAÍDO!
EU NÃO PUDE VENCER! EU FUI VENCIDO!
ETERNO CONDENADO...
CUMPRÍ O MEU DESTINO... ESTAVA ESCRITO!
E NÃO PUDE ELEVAR ESTE MEU GRITO
DE UM JUDAS REVOLTADO!

Coube a Jesus a parte mais simpática
No cenário da vida, e a antipática
Foi feita para mim...
E eu senti, desde logo, a crueldade
Contínua dessa mesma humanidade
Que julga sempre assim...

Perdoai meus senhores, a Paixão
Que me ferve, no sangue, o coração
Por não ser compreendido...
Mas, pensai: P’RA JESUS TER SUA GLÓRIA
PRECISAVA UM TRAIDOR NA GRANDE HISTÓRIA
E FUI EU O ESCOLHIDO!...

Traí Jesus, pois fui determinado
A cumprir, com tristeza, esse meu fado
E esse fado eu cumpri...
Se houve um “Cristo” fui eu. E se houve ofensa
A mim foi feita e, nessa dor imensa,
Até hoje vivi...

E JESUS PRECISAVA P’RA SER CRISTO
QUE UM JUDAS O TRAÍSSE; SOMENTE ISTO...
SENDO ASSIM – FUI TRAIDOR!...
Mas é neste gesto tão sublime
Que toda humanidade se redime
NO CRISTO RENDENTOR...

ONDE ESTÁ O MEU CRIME DE TRAIÇÃO?
NÃO FOI DEUS QUE ESCOLHEU DE CORAÇÃO
UM JUDAS QUE SOU EU?
Jesus ressuscitou... Subiu aos céus
E a Judas, condenou-o o próprio Deus...
Mas, Judas não morreu.

Vive e sofre, sem fim, a sua sorte
Sem destino, sem fé, mesmo na morte
Eterno caminheiro.
Mas espera que o vosso julgamento
O absolva, para sempre, do tormento
Perante o mundo inteiro...

Que a vossa decisão seja de um justo
Sem que apliqueis o “Leito de Procusto”
Por temor ou receio....
Por que Jesus, no Drama da Paixão,
Morreu feliz, pois teve a compaixão
De Maria, no seio.

E agora meus senhores, consultai
Vosso amor, vossa fé, e então julgai
Este Judas proscrito...
Calai o coração. Não tenhais sustos,
Atentai à razão e sede justos
No vosso veredicto.

E tu humanidade, não te iludas:
- Cristo existe porque buscou um Judas
Em meio à cristandade...
E eu Judas, oh cristãos, somente existo
Porque houve o sacrifício desse Cristo
Por ti – HUMANIDADE!...

(E Judas a seguir, foi ser julgado
Por esse tribunal imaculado
Num recinto de luz...
Estudaram do réu, seu grande crime
E concluíram que nada mais redime
A morte de Jesus...)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MINHA ESTANTE DE LIVROS

SKOOB é um "site" de amigos que se relacionam tendo o livro como elemento de ligação, além, é claro, de você poder escrever suas resenhas.
Eis minha "ESTANTE DE LIVROS", ainda pequena, mas promissora!

http://www.skoob.com.br/estante/Ricardo

domingo, 8 de novembro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO



O julgamento de judas


Comecemos do início, como deve ser.
A poesia mais representativa de meu avô, - trata-se na verdade de um trabalho de meu avô que me foi entregue - “O julgamento de Judas”, quando lido isoladamente não tem substância própria, mas se confrontarmos com a totalidade dos escritos percebemos que há nele uma confluência. E foi assim que estabeleci uma linha sobre a qual me equilibrei para que pudesse obter o resultado que desejava: promover uma ligação entre
poema e homem que, não tendo ânimo para indisciplina prefere, através da poesia, retratar a vida sob determinada ótica.
para conseguir esse resultado havia que trabalhar a biografia do homem ligado à obra, sem dar, contudo, maior expressão a um que a
outro.
Transcrevo a primeira parte do poema que é dividido em: “Perante tribunal”, “defesa”, “Condenado”


Perante o tribunal


Senhores! Eu sou Judas o proscrito
Que traz à face o estigma de maldito
Há quase dois mil anos.
E, neste tribunal imaculado,
Por crime de traição serei julgado,
Por vós que sois humanos.



Ouvi, Juízes: -É simples minha história
Que tem a maldição, em vez da glória,
Tem trevas, não tem luz.
Eu vivo, pelo mundo, só e errante,
Insultado, ofendido, a cada instante
Co’ a maldição da cruz.



Um beijo eu maculei. E, por dinheiro,
Denunciei Jesus, o companheiro
Que servia de exemplo…
Era o filho do Pai que a nós pregava
Bondade, amor e fé e que expulsava
Os vendilhões do Templo.



Era o Mestre querido e Sua doutrina
Ainda hoje perdura e nos ensina
Amar ao Senhor Deus…,
E o Seu Reino era outro, diferente,
Onde havia justice e um Pai CLEMENTE
A Reinar lá nos Céus.



E todos nós, discípulos, seguíamos
Seus passos e outra coisa não fazíamos
Senão obedecê-Lo.
As Suas leis, por nós, aos fariseus
Eram ditas, também aos bons judeus,
Com todo amor e zelo.



Mas, disse-me Jesus: -“Tu me trairás”…
Era o nosso destino…
E Simão O negou por obediência
E eu O traí, sem ter a consciência
Daquele desatino…
Vendi-o - a Caifaz e seus sequazes



Conhecendo-os de quanto eram capazes
Num falso julgamento…
E eu vi Jesus ser preso e condenado
Morrer, entre ladrões, crucificado
Com tanto sofrimento…
Jesus a Quem amei! E o meu tormento



Desde esse dia, até neste momento,
É o nome de traidor.
Como um ferrete, em brasa, dentro d’alma
A queimar-me o corpo e não se acalma
Em meio a tanta dor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

NÃO POR ACASO

 RODRIGO SANTORO GIULIO LOPES LETÍCIA SABATELLA CACÁ AMARAL GRAZIELLA MORETTO CÁSSIA KISS LEONARDO MEDEIROS BRANCA MESSINA NEY PIACENTINI RITA BATATA SILVIA LOURENÇO
Posted by Picasa ÊNIO É UM HOMEM DE MEIA-IDADE QUE VIVE NA SOLIDÃO DEPOIS DE UM RELACIONAMENTO FRACASSADO. METÓDICO E APEGADO AO PASSADO, ESCONDE-SE ATRÁS DO TRABALHO DE ENGENHEIRO DE TRÂNSITO E ACREDITA QUE CONTROLAR AS EMOÇÕES É TÃO POSSÍVEL QUANTO ADMINISTRAR O TRÁFEGO DE UMA GRANDE CIDADE. PEDRO, 30 ANOS, NAMORA TERESA, QUE ESTÁ DE MUDANÇA PARA SUA CASA. HERDOU DO PAI UMA MARCENARIA E O GOSTO PELA SINUCA. VÊ A VIDA COMO UMA SUCESSÃO DE JOGADAS ENSAIADAS E EFEITOS PREVISÍVEIS, À SEMELHANÇA DO JOGO. QUANDO UM ACIDENTE DE TRÂNSITO ATRAVESSA AS TRAJETÓRIAS PARALELAS DOS DOIS, O IMPONDERÁVEL SE IMPÕE E O DESCONTROLE COMEÇA. ÊNIO SERÁ FORÇADO A ABRIR A PORTA DE SEU MUNDO DE ISOLAMENTO PARA A FILHA ADOLESCENTE, BIA, COM QUE NUNCA TEVE CONTATO. PEDRO SE ENVOLVERÁ EM UM ROMANCE COM A EXECUTIVA LÚCIA, INQUILINA DO APARTAMENTO DE TERESA. NESSA JORNADA DE TRANSFORMAÇÃO, GUIADOS POR DUAS MULHERES, VERÃO QUE O FLUXO DO TRÂNSITO HUMANO É CAÓTICO DEMAIS PARA SER CONTROLADO - E QUE, QUANDO HÁ UM PARCEIRO, NÃO É POSSÍVEL PREVER TODAS AS JOGADAS.

domingo, 1 de novembro de 2009

DE UM CANTADOR NORDESTINO – REPENTE

Nosso sinhô fez o ceu

Ao dispois o firmamento

Em seguida os oratóro

E os anjo “timbungo” dento.


                                        Não sei se Deus fez o home


                                 Mas sei que fez a muié,


                                        Pois quarqué morena dessas


                                       Tem tudo o que o home qué

CONVERSA DE COMADRES


AUTOR DESCONHECIDO.

cumade você sabe qui a fia do cumpade cassimiro, aquela brancósa mai nova e bunitinha, fugiu, no mêi de Santana, c’um chofé de caminhão e qui o pai foi buscá a menina quando lhi dixéro onde tava e trouxe p’’ a casa, assim mermo, já perdida, num sabe?

Sube cumade...

Apoi bem, num passou um mêi in casa e fugiu de novo cum um home casado e se foi p’ras banda do Pernambuco... qui doidiça, cumade...

E a gente vá acarditá nessas carinha de santa e de tolinha...

É assim mermo comade – quando muié indoida p’ru homi, Deus tenha pena dela e Santana a porteja...

Coraline



O LONGA MOSTRA A HISTÓRIA DE CORALINE (VOZ DE DAKOTA FANNING NA VERSÃO ORIGINAL), UMA MENINA QUE SE MUDA COM SUA FAMÍLIA PARA UMA ENORME CASA. EXPLORANDO AS INÚMERAS PORTAS DO LOCAL, A MENINA ACABA ABRINDO UMA QUE DÁ PARA OUTRA CASA, EM UMA REALIDADE PARALELA, ONDE SEUS HABITANTES QUEREM MANTÊ-LA PRESA, COMO SUA FILHA.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – ESTILO – PARTE II

Só me dei conta de que tinha escrito um texto "engravatado" quando bastante adiantado, ou melhor, quando comecei a escrever a parte final. Naquele instante, por confronto com a primeira parte, percebi uma brutal diferença, então me perguntei o porquê e descobri que cometi o mais absurdo erro na elaboração de um texto: metodologia. Esse elemento fundamental que ordena e  antecede a escrita propriamente dita. É  pensar o quê, como, porquê, para quem?

Então o que fiz  foi duplamente trabalhoso e espero não repetir o mesmo erro.  Serviu de lição! Pena que ficarei com um texto final muito "engravatado". É o preço da inexperiência.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – ESTILO – PARTE I

EIS O GRANDE TERROR DOS ESCRITORES NOVATOS, COMO É O MEU CASO, UMA VEZ QUE AINDA NÃO DESENVOLVI UM ESTILO PURO. NOSSAS DIVERSAS LEITURAS TENDEM A CONDUZIR OS TEXTOS QUE ESCREVEMOS À UMA CERTA SEMELHANÇA COM AQUELES LIDOS, O RESULTADO É UMA SALADA MISTA EM QUE TEMOS DIFICULDADES DE RECONHECER NOSSOS TRAÇOS.

MINHA INTENÇÃO INICIAL ERA TRABALHAR UM ESTILO AREJADO, LEVE O BASTANTE PARA INDUZIR À LEITURA DE ADULTOS E CRIANÇAS, ATÉ MESMO PORQUE PREFIRO UMA LEITURA DESCOMPLICADA, SEM GRAVATAS, COMO DISSE MACHADO DE ASSIS! PARECE QUE NÃO CONSEGUI, PELO MENOS NAS DUAS FASES PRIMEIRAS. A ÚLTIMA FICOU MAIS AGRADÁVEL, ACHEI QUE NÃO FICOU MELOSA DEMAIS, NEM SÓBRIA DEMAIS, UM MEIO TERMO, CONTUDO AINDA FALTANDO ALGO QUE NÃO SEI IDENTIFICAR.

MAS, NÃO SER O QUE GOSTARIA NÃO É SINÔNIMO DE RUIM, PODE MUITO BEM ALGUÉM APRECIAR O ESTILO JORNALÍSTICO - QUE É O QUE CONSIDERO MAIS PRÓXIMO -, SECO, SEM ADJETIVAÇÃO. O QUE PROVAVELMENTE NÃO ATRAIRÁ SÃO OS EXCESSOS DE INVERSÕES… EMBORA EU GOSTE!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Escrevendo um livro - Introdução

Há já algum tempo não posto nada no Blog. Tenho estado ocupado na concretização de um antiguíssimo projeto que é a publicação das poesias de meu avô. O material é bastante farto e, confesso, não consegui pensar qualquer coisa que não incluísse também a biografia dele. Assim, todo meu tempo disponível tem sido dedicado ao livro. Espero sinceramente concluir essa tarefa bastante penosa, contudo gratificante. E foi pensando no livro que concluí ser interessante partilhar essa experiência: Como está o andamento atualmente e o que fiz para chegar aonde cheguei.

Tenho uma maneira muito própria de articular um texto. Primeiro vou jogando ao papel minhas idéias assim como vêm à mente, só no segundo momento é que articulo os parágrafos para obter uma leitura aprazível. Essa é a parte mais desgastante, na medida em que estando impregnado pelas palavras que caíram no papel reluto em substituí-las e quando faço demoro sempre a aceitar, fico imaginando se não poderia ser outra, melhor.

Na próxima postagem tentarei mostrar como tudo aconteceu e então construir um diário – se é que posso denominar assim – das minhas atividades de “escritor”…

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

MARÉ, NOSSA HISTÓRIA DE AMOR

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PRODUÇÃO: BRASIL, FRANÇA, URUGUAI.

ANO: 2007

COM:  CRISTINA LAGO ... ANALÍDIA
VINÍCIUS D'BLACK ... JONATA

MARÉ È UM FILME ALEGRE APESAR DE TRÀGICO. CHEIO DE VIDA APESAR  DE ENCERRAR A MORTE. DIFÍCIL CONCEBER A GRANDEZA DE UM ROMEU E JULIETA ADAPTADO À FAVELA DO RIO DE JANEIRO NOS DIAS ATUAIS. ISSO È MARÉ. OUSADO, INEBRIANTE…,  UM ESPETÁCULO MUSICAL ONDE A DANÇA SURGE COMO ALTERNATIVA DE RESGATE DA CIDADANIA POR AQUELES QUE NÃO CORROBORAM COM A VIOLÊNCIA.

EM OUTRO ASPECTO, MARÉ SE DÁ O DIREITO DE CRITICAR UMA INJUSTA SOCIEDADE DIVIDIDA EM ESTRATOS, ONDE AS DIFERANÇAS SÃO APROFUNDADAS PELA AUSÊNCIA OU DESCASO DO “ESTADO”  REGULADOR. A CONSEQUÊNCIA É A PRODUÇÃO DE CULTURAS ANTAGÔNICAS QUE BUSCAM ESPAÇOS DEFINIDOS PARA SE DESENVOLVER, CRIANDO, ASSIM, NOVOS PONTOS DE CONFLITOS.

sábado, 15 de agosto de 2009

DICA DE FILMES

 

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ESTÔMAGO -
GÊNERO: DRAMA, BRASIL, 2007
COM:
JOÃO MIGUEL, FABIULA NASCIMENTO, BABU SANTANA, CARLO BRIANI, ZECA CENOVICZ, PAULO MIKLOS, JEAN PIERRE NOHER, HELDER SILVA, BETINA BELLI, RODRIGO FERRARINI, PEDRO MOREIRA, SYD CORREA, TINO VIANA, ALTAMAR CEZAR, MARCO ZENNI

ESTÔMAGO TEM A QUALIDADE DE SER CÁUSTICO E IRREVERENTE, SUTIL, PENETRANTE ; RETRATA A TRAJETÓRIA DE NONATO CHEGADO À CIDADE E EXPOSTO A UM PADRÂO DE COMPORTAMENTO EM QUE A COMPREENSÃO DO FENÔMENO SOCIAL É FATOR FUNDAMENTAL À SOBREVIVÊNCIA. DOTADO DE GRANDE SENSIBILIDADE PERCEPTIVA, NONATO ALÇA VÔO SOCIALMENTE, MESMO SENDO E ESTANDO PRISIONEIRO POR ASSASSINATO... EIS O GRANDE LANCE DO FILME. AGUDAMENTE IIRÔNICO, O ANTI- HERÓI CONSTRÓÍ SEU DESTINO INFLUENCIANDO E SENDO INFLUENCIADO A PARTIR DE UM DOM NATO DE SABER TEMPERAR OS INGREDIENTES DE UMA "BOA COMIDA".

BOLO-DE-ROLO PERNAMBUCANO

Doce brasileiro, típico de PERNAMBUCO. A massa é feita com farinha de trigo, ovos, manteiga e açucar.
"Nascido" em Pernambuco, é uma adaptação do "COLCHAO DE NOIVA" potuguês - trocando na receita seu recheio de amêndoa por goiaba. Passou-se a enrolar esse bolo em camadas cada vez mais finas com um rolo, daí o nome.O bolo-de-rolo foi reconhecido como patrimônio imaterial de PERNAMBUCO.Quem dele já provou sabe o quão delicioso é. Não compreendo como Ana Maria Braga ainda não o descobriu!Falta de tempo? Preocupação da Globo com a Record? Edir Macedo...? Santo Deus! È bolo demais para se provar do bolo-de-rolo pernambucano.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

POR UMA ESCOLA LIBERTÁRIA, IGUALITÁRIA, FRATERNAL.



A escola é o principal instrumental humano do conhecimento responsável e cidadão. Ações na defesa da conservação e transmissão do material cultural, acumuladas em todas as épocas, perpassam a linha histórica, às vezes com gestos de ousada grandeza.

Durante a Idade Média, o conhecimento era transmitido à aristocracia. Esta classe monopolizava o conhecimento enquanto aquela outra,de menor poder socio-econômico,vendia seu único bem, a força de trabalho, a preço de banana.
O saber era uma exclusividade social e conquistá-lo era uma questão de nascença.
Nos tempos modernos, através das lutas trabalhistas, o direito ao conhecimento expandiu-se a todas às classes sociais. A escola estava reformada, e, através dela, a possibilidade de ascensão social.


A evasão escolar acelerada nas últimas décadas, com os filhos compondo a renda familiar, se perpetua a despeito de ações promovidas pelas mesmas escolas. A conseqüência é uma relação conflituosa entre professores, coordenadores e pais de um lado, e alunos arrogantes, despreparados, de outro.
O poder público, sem a autoridade necessária de transformação, pressionado, atua no sentido de fazer da escola um noticiário policial. Essa postura em relação à escola funcionou até o momento em que um elemento novo passou a fazer parte, como solução, apesar dos danos sociais, das respostas as profundas desigualdades sociais: as drogas.
Consumidas pelas classes médias altas, que não hesitam comercializá-la por elevados preços, assume conotação burguesa com transferencia de renda às avessas, proporcionando um lucro que, talvez, nenhuma atividade lícita consiga. Livre de impostos, taxas, os contraventores começam a constituir um estado paralelo, desafiante ao poder estabelecido legitimamente.
A escola, na tentativa de perpetuar o mesmo padrão de comportamento de décadas, choca-se com os novos interesses daqueles que a viam como alternativa, embora inconsciente, de mudança social. Os conflitos são freqüentes e os sinais que nos chegam dessa nova postura diante de um novo conceito, são no sentido de repensar a escola sob novas perspectivas. A escola é um meio de se obter resultados, é dinâmica, transformadora, não pode ser impositiva, restritiva. Nesse sentido deve estar integrada com aqueles que a usam como possibilidade de escolha.

Paliativos como "Bolsa Sedu", promovidos pelo poder público, ausente do verdadeiro embate entre os interesses da escola atual e as necessidades de sobrevivência, nos levam a imaginar, até mesmo pela promiscuidade entre poder público e privado quando aliados na prestação de serviços, o grande desperdício de recursos financeiros da maquina pública sem obter com isso resultados satisfatórios: morre-se de balas perdidas. Morre-se por qualquer motivo.

Iniciativas como a promovida pela rede Tribuna de jornais- seminário da educação - são válidas e consistentes se, e apenas se, atacarem o problema da escola direta e objetivamente, sem preconceitos ou falsos moralismos, compreendendo que a escola não é o problema a ser resolvido, ela é a conseqüência legítima de forças que tentam acomodar-se sobre novas formas de relações sociais e forças mantenedoras da ortodoxia histórica intransigente, arbitrária, policial, com conseqüências as mais diversas, mas sempre em colisão com os preceitos éticos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.



quarta-feira, 29 de julho de 2009

TRIBUNA SEMINÁRIOS EDUCAÇÃO 2009

10 DE AGOSTO
CENTRO DE CONVENÇôES DE VITÓRIA
INFORMAÇôES E INSCRIôES GRATUITAS NO SITE www.redetribuna.com.br~

Eis aí uma boa oportunidade de avaliar com mais transparência e legitimidade as atuais formas de "educação inclusiva, sua interdisciplinaridade e função na construção do conhecimento responsável e cidadão"

PROGRAMAÇÃO
12h30 >> Credenciamento
14h >> Abertura Geraldo Schüller Diretor de Marketing da Rede Tribuna
14h15 >> Palestra: "Aprender Fazendo: O Futuro da Juventude" Paulo Gabriel Coutinho Delgado Sociólogo, Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Membro do Conselho Permanente de Educação da CNI e do Conselho de Responsabilidade Social da FIESP.
15h >> Palestra: "Educação para uma Cultura de Paz e Sustentabilidade: do Conhecimento à Sabedoria"Kelma Socorro MatosProfessora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará e do Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/UFC.16h >> Palestra: "A Utilização do Jornal como Material de Apoio no Incentivo à Leitura" Cristiane Parente Coordenadora do Programa Jornal e Educação, da Associação Nacional de Jornais.
16h45 >> Palestra: "Os Novos Desafios e as Propostas Discutidas no Seminário para a Melhoria da Educação Brasileira" Lia Rosenberg Mestre em Educação pela PUC (SP) e Consultora de Projetos Educacionais.
17h30 >> Palestra: "As Mudanças do ENEM e seus Reflexos nos Vestibulares e no Ensino Médio" Dorivan Ferreira Gomes Coordenador Geral de Exames para Certificação do INEP/MEC 18h30 >>
Encerramento

quarta-feira, 22 de julho de 2009

ESCOLA: CASO DE POLÍCIA?


CONTINUAÇAO.












Dizíamos na nossa primeira postagem, referente à escola pública, do risco advindo da falta de planejamento e aplicabilidade de uma política sócio educacional pertinente à realidade econômica brasileira. Dizíamos do risco de ver com mais freqüência as manifestaçoes escolares nos principais periódicos, nas páginas policiais. Pois muito bem, há apenas dois meses daquela postagem, vejo sem grande susto manchete em que três crianças da sétima série do ensino fundamental, com idades entre 12 e 15 anos, agridem coordenadora de 63 anos por motivo, segundo a manchete, fútil, como se para a criança agressora normas e limites de comportamento fossem aspectos do mesmo contexto de sua realidade. Antes de tudo é preciso que nossa mídia compreenda a gravidade do momento atual e que não jogue na mesma lata do lixo social alunos despreparos por uma sociedade que condena e que é, ao mesmo tempo, o suporte socializante. A mídia, que explora comercialmente a violência, sobretudo aquela produzida pela classe menos favorecida, insere as escolas nas páginas policiais com um linguajar que aos poucos se vai consolidando como apropriado, justificado. Termos como "segurança escolar", "cadastro de alunos brigões", "gestores para mediar conflitos", entre outros, são eufemismo que traduzem muito mais um ambiente carcerário que uma escola.
Diante de tantos desmandos, desacertos, barbarismos, a Secretaria de Educação nos presenteia com mais uma luz plutônia. Um rol de medidas saneadoras, um “plano articulado de segurança”













Sabemos que a escola é um meio, não um fim em si mesmo. A postura pedagógica curricular de entender a escola como reflexo do econômico, tentando reproduzir elementos excêntricos à sua natureza, acaba por criar formas robotizadas de comportamento , quando obtém respostas positivas, nada mais. As estatísticas nos mostram que uma pequena parcela da população escolar de 1°grau consegue chegar às portas da universidade, e, quando acontece, é excluída por força do baixo poder aquisitivo forçada que é a complementar a renda familiar.

A colocação de grades, câmeras, catracas eletrônicas,sensores, etc. como forma de combate à violência nas escolas, é a repetição de erros históricos para com a educação. Como afirmamos, a escola é um meio de se obter à sociedade elementos construtores e de perpetuação do conhecimento. Isolar a escola como forma de preservação dessa mesma escola, é negar a transformação de uma comunidade que procura seu espaço social digno, mesmo que para isso produza violência. As autoridades educacionais devem ouvir esse grito de transformação e agir em atenção às mudanças necessitadas antes que a violência trespasse os muros que a protegem sangrando-a de morte. A escola encontra-se inserida na comunidade e dela faz sua matéria-prima. Construir grades de separação é o testemunho do isolamento da comunidade, sua força produtiva. Nesse contexto não temos escola. Temos isto sim, creches para adolescentes, e adolescentes infratores alimentados da escola e defecando em nossas cabeças pasmadas. PT. Tenho dito.

domingo, 28 de junho de 2009

"A melhor religião é aquela que te faz melhor"



Há um passado de fervor cristão na minha formação. Atuando em projetos ligados à CEB, acreditava estar renovado como homem, transformado. Em uma palavra: espiritualizado. Afinal, conceder meu domingo aos mais necessitados com profundo ardor missionário, em fraterna comunhão, testemunhando Jesus Cristo em sintonia com as "Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil", era a luz que precisava para ter minha consciência não apenas em paz, mas crítica àqueles que não se dispusessem à transformação social. Confesso também que o fazia alimentado pelo documento: "III conferência geral do episcopado latino-americano - A Evangelização no presente e no Futuro da América latina" -, época em que tomei conhecimento da existência de Leonardo Boff e de quem logo de início defendi sua causa.
Um pouco de sua biografia:
Seus questionamentos a respeito da hierarquia da Igreja, expressos no livro Igreja, Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à Congregação para a Doutrina da Fé, então sob a direção de Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso", perdendo sua cátedra e suas funções editoriais no interior da Igreja Católica. Em 1986, recuperou algumas funções, mas sempre sob severa vigilância. Em 1992, ante nova ameaça de punição, desligou-se da Ordem Franciscana e pediu dispensa do sacerdócio. Sem que esta dispensa lhe fosse concedida, uniu-se, então, à educadora popular e militante dos direitos humanos Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos. Boff afirma que nunca deixou a Igreja: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes", mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja. Suas críticas à estrutura hierárquica da Igreja Católica e seus vínculos com a teologia da libertação fazem com que setores católicos considerem-no apóstata.

Já não mais engajado nos movimentos da Igreja, vejo com certa angústia um crescente comércio em torno de "Deus". È Deus para cá, Deus para lá, templos sendo erguidos em nome de um Deus que curará doenças e restituirá o emprego perdido. Essas pessoas acreditam que assim agindo, individualmente, serão salvas, não se importando com a transformação cristã do "dando é que se recebe", da alegria da união fraterna, "irmão Sol", "irmã Lua", "irmã natureza", de São Francisco de Assis, vivendo no egoísmo de garantir um espaço nos céus.
Pois bem, "Espiritualidade", de Leonardo Boff - um caminho de transformação - é um opúsculo de 100 páginas que trata do assunto com toda a simplicidade e consciência de um homem amadurecido, afastado do Vaticano, que continua a pregar a "palavra" de salvação como transformadora. Leonardo exulta o Dalai-Lama como um grande messias da modernidade e sintetiza os caminhos percorridos pelas religiões do ocidental e do oriente:

"Existe o caminho da comunhão pessoal com Deus que inclui o todo.

" Existe o cominho da comunhão com o todo que inclui Deus "

" O primeiro é o percurso ocidental. O Segundo, o Oriental... "
Sempre acreditei que a melhor Religião é aquela que nos faz melhor,... Precisei ouvir esta frase do Dalai-Lama para me assumir transformado.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Escola: Caso de Polícia?

Quanta saudade da Escola pública de outrora...!
Recanto de divertimento e aprendizagem, de socialização... O mundo era além dos livros, era produto de nossa imaginação, infinito, absoluto, nossa matéria-prima; tudo podíamos e queríamos... Éramos construção, produto emancipável, e isso nos motivava a "exigir", a querer, uma escola valorativa dos princípios democráticos institucionais tão dolorosamente conquistados.
Matéria publicada na página POLICIAL de "A GAZETA" de 05 de junho de 2009: "Ação de bandidos deixa duas escolas sem aulas".
Matéria publicada na primeira página de "A Notícia Agora": "Traficantes dão ordens e fecham escolas: Em vitória, escola no Morro da Fonte recebeu ordem para não abrir"...
A QUEM INTERESSA O FECHAMENTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS?
Título da manchete do periódico Notícia Agora: "È melhor errar e garantir vidas". "Diretora da escola do Morro da Fonte Grande, Yvone Moraes, preferiu não desobedecer à ordem". Desobedecer à ordens; (de quem? quem manda?) eis o grande vilão dessa história dolorosa. O sentimento de impunidade, de incerteza, de fragilidade diante de um poder que nos ameaça todos os dias vai destruindo aceleradamente toda possibilidade de cidadania. E o que acontece quando a sociedade é obrigada a conviver com regras frouxas de comportamento?
Contactada pela imprensa, a Prefeitura de Vitória emitiu nota oficial: "Em momento algum a Prefeitura foi comunicada sobre o fato". Isto é, no mínimo, escandaloso; desrespeitoso para com a população que exige respostas claras. Não consigo conceber o poder público com uma fala tão infantil... Assim prefiro, a dizer outra coisa...
A manchete vai mais além: "A decisão de fechar as portas da escola coube exclusivamente à diretora da unidade de ensino". Nota-se nessa fala da assessoria de imprensa da Prefeitura de Vitória um desejo imperioso de manter-se à margem de todo processo, ou seja, o uso político da instituição com o sentido claro do não comprometimento junto à população votante. Pior, querem usar a Diretora que teve uma postura sábia na defesa do patrimônio público, bem como na segurança de todos àqueles que, direta ou indiretamente, estão presentes à unidade de ensino, como única responsável pela ausência do Estado quando manifesta uma decisão fundamentada puramente na razão.
Insisto na pergunta: A QUEM INTERESSA O FECHAMENTO DA UNIDADE ESCOLAR?
O tráfico, como todos sabem, inclusive a PM, quer dominar o morro e estabelecer um Estado paralelo. A Escola, base e sustentação de uma possibilidade, é barrada institucionalmente na medida exata desse fino véu do legal e institucional e do ilegal.
Qualquer pessoa de bom senso teria agido da mesma forma que a diretora. Apesar do seu acerto, a estrutura institucional pedagógica é bem provável que a condene. E mais uma vez veremos a Escola em alto relevo na sessão de segurança dos periódicos capixabas que dedicam meia página para um assunto de tão grande importância, ao passo que dedicam páginas várias para o futebol.
Engraçado (?) que a secretaria de cultura questiona a ausência de público no teatro Carlos Gomes.
HIPOCRISIA, EIS A MORAL FINAL DE TODA ESTA HISTÓRIA.


CRIANÇA 44













Tom Rob Smith.
Editora Record
Rio de Janeiro – 2008
Josef Stalin: secretário geral do partido comunista da união Soviética e do Comitê Central a partir de 1922 até sua morte em 1953.

O desprezível bigodudo acima retratado bem que passaria por um bom homem. Tem um olhar austero é certo. Mas quem não tem um pai, tio, avô que seja que não surpreendeu a você em um momento de brincadeira com alguns amigos e paralisou-o com aquele olhar aterrador? A pergunta que se impõe é se podemos ou devemos emitir juízo de valor ao caráter, a personalidade daquele que em uma moldura se nos apresenta ao olhar inocente e não nos ameaça e, portanto, aparentemente, não nos pode fazer mal? Quero dizer, você teria uma reação repulsiva diante de uma fotografia tão cândida, inofensiva, paternal mesmo quanto à de Josef Stalin ao alto se desconhecesse sua biografia?
Número de vítimas
Em 1991, com o colapso da União soviética, os arquivos do governo soviético finalmente foram revelados. Os relatórios do governo continham os seguintes registros:
• Número de mortos
o Executados: 800 mil
o Fome e privações (gulags): 1,7 milhões
o Reassentamentos forçados: 389 mil
 Total: aproximadamente três milhões
Entretanto os debates continuam alguns historiadores acreditam que relatórios soviéticos não são confiáveis. E de maneira geral apresentam dados incompletos, visto que algumas categorias de vitimas carecem de registros – como as vitimas das deportações ou a população alemã transferida ao fim da Segunda Guerra.
Alguns historiadores acreditam que o número de vítimas da repressão estalinista não ultrapasse os quatro milhões; outros, porém, acreditam que esse número seja consideravelmente maior.

Suponho que não, contudo o megalomaníaco bigodudo gostava de morte por atacado. Para se ter uma idéia da barbárie Stalinista, estima-se que durante a Segunda Guerra Mundial o numero oficial de mortos está entre 50 e 60 milhões de pessoas. Seu regime contabilizou, acredita-se, cerca de 20 milhões.
O jovem corrompido e corrompedor Tom Rob Smith cônscio de que um bom material visual é a chave para o consumo impulsivo, elabora apelativamente bem a arte gráfica- também o conteúdo - nesse romance de estréia.Explora um exemplo patético do que dizíamos acima. Olhando sua fotografia, apensa a contracapa do livro Criança 44, já estimulados pela chamada visual,um extremado apelo, resignamos-nos aceitar fazer a leitura das suas 431 páginas. O conjunto emoldurado, a princípio, nos envolve, acolhe,e quando nos damos conta já estamos comprometidos com essa cortina enevoada de uma criança morta sob os trilhos da política de segurança de Stálin. Acreditamos, a princípio, que o maroto livro tenta ressaltar a brutalidade de um sistema apoiado na retórica de um bigodudo contaminado por poderes de super-herói através de uma correlação infância inocente versus Estado político repressor personificado em Stálin. É pau, nojento, doentio, ainda que não estejamos considerando o lado politico-social da coisa, ou seja, Stalin é fruto de uma revolução proletária... Que o “paz e amor” não nos leia! Nenhuma experiência temos nesse campo. Nenhuma! Claro, nosso passado – nem mesmo Canudos – não é revolucionário como muitos agradecem à Deus, é golpista aventureiro numa eterna perpetuação burguesa. Outros tantos agradecem à Deus!... E as eleições democráticas de 2000? Enfim, um trabalhador sindicalizado e aclamado pelo povo, assim como Stálin, subiu a rampa do Planalto; todos ficamos felizes, tanto que o reelegemos... Você deve estar se torturando e perguntando: o que tudo isso de “paz e amor” tem haver com o romance? Claro, é verdade; voltemos ao Stalin, voltemos a Tom Rob Smith o pervertido que teve os direitos de adaptação para o cinema comprados pelo cineasta Ridley Scott que produziu, entre outras pérolas do cinema, o Gladiador: aquele trabalhador que é usado pelo império como lutador de arena. E o povo vai ao delírio, é mole?... Ainda bem que o pervertido do Tom é magro e é burguês e é Inglês de olhos verdes – não azuis - daquela mesma Inglaterra da Revolução Industrial, da...
Não nos iludamos. Assim como a foto de Stálin não nos revela o seu lado humano apocalíptico, assim criança 44 só apresentará sua qualidade inferior de escola pública quando você desembolsar reais em busca de cultura e divertimento e perceber que o conteúdo é piegas e sem coesão contextual: Liev é metamorfoseado conforme a circunstância de conveniência do narrador. Leia-se a perseguição a Bródski. Apresenta-se como profissional experiente de guerra, decidido, maduro. Agora leia-o perseguido e lidando com a esposa e verá um menino assustado que depois de anos trabalhando para o Estado descobre que tudo é mentira e sente-se mal por isso como se a culpa fosse dele. A narrativa é lenta em função do jogo ambíguo de formulações morais que rege todo o aspecto ficcional; leia-se esse diálogo:
- Não denunciei você não por acreditar que estivesse grávida (Raíssa), nem por eu ser bom. Foi porque a família é a única coisa na minha vida da qual não me envergonho.
-Porque essa revelação da noite para o dia? Parece sem valor. Depois de perder o uniforme, o escritório, o poder, você agora tem que acertar as coisas comigo (Raíssa). Será que é isso? Uma coisa que nunca teve importância para você, a nossa vida, ficou importante porque foi só o que sobrou?
E olhem a besteira dita por Raíssa:
-Casei com você com medo de ser presa por rejeitá-lo. Talvez não fosse presa imediatamente, mas uma hora seria, por algum pretexto. Eu era jovem, Liev, e você poderoso. Foi por isso que nos casamos... Você nunca me bateu, nem gritou comigo, nunca se embriagou. – no Brasil esse cara seria disputado aos empurrões- Então, pensando bem, eu achava que tinha mais sorte que a maioria das mulheres.
A utilização do pretérito por Raíssa salienta uma decisão passada mas que agora não se justifica já que o babaca do Liev ficou desempregado... e ainda vem falar que ele nunca levou a vida do casal a sério? Matem essa mulher!, não, melhor, não inicie a leitura desse livro.
João Ricardo Miranda

domingo, 31 de maio de 2009

Uma Reverência à Machado de Assis

059

A importância de MACHADO DE ASSIS um século após sua morte.

MOINHO-DE-VENTO

Que o alquebrado Cavaleiro da Triste Figura lançou-se em luta vã contra velhas e desgastadas lâminas de moinhos-de-vento, revivendo glórias passadas, coisa é que consterna! O que não consternará, é se Joaquim Maria Machado de Assis vazar de entre as letras dos que se propõem ao concurso, promovido pela Academia Brasileira de Letras e Folha Dirigida, e, com a caneta crítica da realidade, e a tinta mordaz da História, destruir as carcomidas lâminas deste gigantesco moinho-de-vento brasileiro chamado educação escolar.

Suposto o objetivo do concurso de redação com foco na “valorização do magistério e o fortalecimento da língua”, inclino-me ao afã continuado da estrutura educacional no sentido de efervescer o potencial Machadiano em cada um dos corações estudantes brasileiros.

Ocorreu-me conotar o “homem-menino” Machadinho expurgando o pensar falacioso de que nossos jovens têm-se corrompido por um capricho do mundo moderno globalizado.

Eia! Vamos à narrativa que nossa ventura há de se consumar!

UM PIPAROTE

Em uma manhã de um dia chuvoso, ouviram-se passos rápidos de um homem centenário; passos firmes, decididos, apesar da avançada idade; Quincas Borba trazia o sorriso largo de quem honra um compromisso há muito jurado; liquida uma promissória vencida. Precisava encontrar Dona Inês e fazê-la crer de sempre que a morte de Machadinho é uma realidade inconteste. As ruelas do morro do Livramento estavam sufocadas com a água que afluía pelas encostas procurando abrigo no leito do subsolo.

Dona Maria Inês, uma senhora robusta, mulata, não denunciava no rosto e corpo o tempo já vivido; saíra cedo de casa quando foi surpreendida pela chuva e regressava. Seu guarda-chuva era arremetido ao chão de barro ensaboado e íngreme do morro na tentativa de superá-lo em força bruta. Ao vê-la em sua escalada, o centenário Quincas Borba ansiosamente tenta alargar o passo para, enfim, comunicar-lhe da morte de Machadinho.

Todos do morro já se preparavam para as exéquias; o comunicado circulara de boca em boca. Dona Maria Inês não tinha mais como contestar; devia aceitar o que a providência já acertara há cem anos. – Mataram o Machadinho!

Dona Maria Inês, olhar compungido, deixa-se molhar por lágrimas cálidas e pingos de chuva numa languidez já eternizada da fragilidade humana. Quincas dá-se por vencedor e espera, aturdido, num silêncio ensurdecedor... Sente-se como vencido na sua vitória...!

-Acresce, - monologa Dona Maria Inês - haver no contrato Adâmico uma cláusula de resgate da dívida da vida humana; contudo, esse instrumento universal sofre, algumas vezes, uma injunção superior que ordena a sanção da supressão dessa; e o homem imortaliza-se, e a vida rega-se e renova-se... Bendita sanção!

Elevando o olhar ao encanecido Quincas Borba, fixando-o, explode num misto de ternura e censura: - Isso é causa de suas inventivas malucas. O Sr. vive a rogar essa desgraça por tanto tempo... Que seria do Livramento não fosse o esforço, o empenho, a dedicação do Machadinho a ensinar adultos e crianças a ler e a escrever!? Não jure à razão, que esta é temperada por uma boa dose de sandice; a morte, pode ser que te acompanhe por todos os anos já vividos, mas ela é o berço da vida! Contenta-te em acreditar que o exemplo amigo de trabalhador docente transformará essa gente brasileira em povo liberto.

O velho e cansado espírito do Quincas Borba senta-se desconsolado no barro molhado e, instintivamente, esculpe uma imagem. Quando pronta, olha-a e desdenha-a: assim o povo o quer; no que a imagem responde: - Não insistas nesse absurdo de minha morte ou dou-te um piparote, e adeus que nossa ventura há muito já começou.

“Viva pois a história, a volúvel história que dá para tudo”.(Brás Cubas);

João Ricardo Miranda.

Vitória, 2008.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O poder das palavras

15 de janeiro
O poder das palavras

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS.



MARKUS ZUSAK

A menina que roubava livros é, sem dúvida, um romance inovador na forma, na maneira de comunicar, na moldura grossa de um cinza escuro sem luar; de um estilo que prende a respiração por medo ou dor. A "Morte", narradora, transborda o texto, convida á leitura... Muito apropriado a conduzir o leitor por caminhos tortuosos.
Do susto inicial, dá-se a conhecer uma menina abandonada pela mãe, pesarosa do irmão morto estendido na neve.
Primeiro furto.
Um personagem judeu introduzido na trama, fugindo á perseguição nazista, aterrissa no porão da casa da nova família da menina. O horror do holocausto é exposto com excessivo sentimentalismo... Um melodrama. Aliás, esta é a tônica do romance.
Seqüência de furtos.
Por fim, o bombardeio sobre a cidade, a rua, e a morte dos personagens, á exceção da menina que resiste heroicamente após ter sido soterrada segurando um livro; e o rapaz judeu, que reaparecerá no final da história já casado com liesel.
Em toda a narrativa manifesta-se o poder da força das palavras àqueles que as usam. De forma explícita joga-se com o maniqueísmo simplório entre bom e mau: O Fuhrer e suas palavras - Minha luta - com discurso de mortandade, em especial aos judeus. Por outro, a menina que roubava livros transformando-o em ação pela vida.
Enfim, um romance medíocre, de conteúdo pobre. Apresenta-se garbo, gigante, vestido de um escuro chocolate e pintado de um episódio insano - entre tantos da história humana- NAZISMO. Desta pleonástica união despontam personagens fracos, instáveis, sentimentais, apoiados na força da história e nos personagens históricos que lhes conferem melhor talho. O leitor, seduzido pela força da narradora, alimenta a esperança de que irão explodir, amadurecer, criar projeção para além da que lhes confere á morte. Mas não é isso o que acontece. Queda-se prostrado diante de uma menina a segurar ás mãos os pais mortos numa rua imunda de escombros de guerra a chorar, a pedir o acordeão que tantas vezes seu pai tocara, como se o mesmo pudesse devolvê-los á vida.
Chega-se, então, ao fim do romance desgastado e aturdido, pois, só neste momento, o leitor dá-se conta que ficou com uma batata quente ás mãos: A existência humana vale a pena?
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RACHEL: O DRAMA HUMANO EM O QUINZE

24 de janeiro

Rachel de Queiroz
Editora José Olympio
77ª Edição - Rio de Janeiro
Rachel de Queiroz... Cearense por nascimento, carioca por escolha. Dividiu seu tempo entre um e outro estado; trabalhou ininterruptamente criando personagens rurais e urbanos fortes como seu texto, sua vida, suas convicções político-sociais; um estilo inconfundível, que a premiou com a Academia Brasileira de Letras. O Quinze, primeiro romance da autora integrado à ficção regionalista nordestina, retrata brilhantemente essa característica - própria mesma do movimento realista da última metade do séc. XIX - em que o aspecto sociológico, bem mais que o psicológico, determina, condiciona o comportamento:
"Cordulina assustou-se:
- Chico, que é que se come amanhã?
A generosidade matuta que vem na massa do sangue, e florescia no altruísmo singelo do vaqueiro, não se perturbou:
-Sei lá! Deus ajuda! “Eu é que não havera de deixar esses desgraçados roerem osso podre.”
Talvez a própria Rachel, comunista por princípio, num mundo que virava de ponta à cabeça com a Revolução Bolchevique de 1917, deixa-se surpreender em seus personagens com a velha utópica idéia de conciliação entre os agentes de produção capitalista,... Um possível "acordo" proletário-burguês, mais que acordo, humanidade cristã.
O ano é 1930. Vargas assume, através de um golpe, o governo federal do Estado Novo. O Brasil vive um momento ímpar de "destruição" - no dizer de Mário de Andrade - mais que construção com a Semana de Arte Moderna. Há uma busca ávida do "homem brasileiro", da identidade brasileira. É o Brasil tentando se redescobrir em sua identidade. À parte os exageros dos adeptos ufanistas, constroi-se uma literatura engajada em que o social desponta com força de personagem.
No romance O Quinze, Rachel constrói duas sequencias narrativas paralelas: Chico Bento, retirante da seca, expulso da terra, compõe o social da trama;... Conceição, que recusa o amor de Vicente, esterilizada na terra ardente do sertão, compõe o psicológico. Segue-se um estilo rigoroso, enxuto, conciso, fragmentário a cinema e que se basta: ...” Vicente marchava através da estrada vermelha e pedregosa, orlada pela galharia negra da caatinga morta. Os cascos do animal pareciam tirar fogo nos seixos do caminho. Largatixas davam carreirinhas intermitentes por cima das folhas secas no chão que estalavam como papel queimado.” Chega-se ao fim do romance: "forte" como o personagem, cônscio e desejoso de mais leitura, de mais Rachel,... Fica-se socialmente mais crítico, e anseia-se por mudanças sociais,... Políticas! Por outro, a ternura, a comunhão, a partilha do pão nos convida a sermos solidários,... Humanos!
Enfim, e tentando não ser repetitivo ao que já foi dito e publicado, não esqueçamos, atentemos para a capacidade inerente de seus textos em produzir imagens.
"Só a Maria, a preta velha da cozinha, irrompeu pelo corredor, acocorou-se a um canto e engulhando lágrimas e mastigando rezas resmungava:
- O inverno! Senhor São José, o inverno! Benza-o Deus!"
Vitória, 20 de janeiro do ano de 2009.
João Ricardo A de Miranda
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