domingo, 29 de agosto de 2010

CULTURA na urna

 

O Jornal A Gazeta publicou no CADERNO2. AG DE 27 DE AGOSTO DE 2010 matéria sobre as “propostas de apoio à arte no Estado” dos candidatos estaduais ao governo. O jornalista  marcelo Pereira  fez uma única pergunta simples: “Caso seja eleito, quais suas propostas para a área cultural?”.

As respostas:

RENATO CASAGRANDE

“queremos manter os fóruns consultivos, formados por câmaras temáticas, pelo conselho Estadual de cultura”

Traduzindo: NADA. Isso passa à distância de proposta. Vê-se que Casagrande tem um pé fincado no campo… É um excelente empanzinador de linguiça.

LUIZ PAULO

“Minha política de cultura chegando ao governo vai se basear nas mesmas diretrizes e valores da política que adotei na época da Prefeitura de Vitória”. E acrescenta: “Temos que pensar a cultura como indústria cultural(…).

Traduzindo. Cultura é indústria. Acho que não precisa de comentários tamanho saber de cultura.

BRICE BRAGATO

“O fundo Estadual de cultura é insignificante, não passa de um prêmio de consolação para a cultura estadual”. Ela pretende avançar 1% para 2%, e acredita que cultura “passa pela parceria entre empresas, artistas e governo, nos moldes de Casagrande e Luiz Paulo. Ora, pergunto na pobreza de meus conhecimentos: empresas visam LUCRO, nunca cultura… Estou sentindo um cheiro de peixe estragado, ou é impressão minha, não sei; quem poderá me dizer. A CULTURA!

GILBERTO CAREGNATO

Implantaremos ações e programas midiáticos para que o povo possa ter conhecimento e usufruir do bem da cultura”.

Vocês conseguem ver o sujeito assistindo a novela da globo ansiando o momento do intervalo quando então poderá assistir um vídeo instrutivo sobre cultura?

Tenho a impressão que nossos candidatos devem ser melhor sabatinados para deixar mais claro que não têm nenhum compromisso com a cultura… Mas aí não terei candidato para meu voto, e preciso votar porque sou obrigado. Alguém sugira o quê devo de fazer…

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O BEM AMADO


Questionava nesse espaço com o título “alunos e professores: conflitos ou confrontos”, depois de argumentar que a solução passa inevitavelmente pelo poder público, alvo de crítica por esses mesmos personagens, e que, no entanto, repete seu voto na manutenção do conflito.
Assistindo o filme de Dias Gomes “O BEM AMADO”,

O bem amado
Atores: Marco Nanini , Matheus Nachtergaele , José Wilker,  Tonico Pereira, Caio Blat , Andréa Beltrão, Zezé Polessa, Drica Moraes 
site oficial:http://www.obemamado.com.br/
direção: Guel Arraes
roteiro:Cláudio Paiva e Guel Arraes, baseado na obra de Dias Gomes
produção:Paula Lavigne
música:Caetano Veloso, Mauro Lima, Berna Ceppas e Kassin
fotografia:Dudu Miranda e Paulo Souza
direção de arte:Claudio Amaral Peixoto


em cartaz, atinei que pode ser a melhor, pelo menos a mais didática, forma de compreender e dá resposta à quetão acima.
O filme começa com o “povo” invadindo a prefeitura de Sucupira, uma pequena cidade interiorana, sucedendo a morte do prefeito.
O carismático Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) é então eleito prefeito, e a história segue com a persistência de construir um cemitério. Durante a execução do projeto rola todo tipo de propina, suborno etc. etc. entretanto o povo é mantido em silêncio, já que a administração é autoritária e o povo não  manifesta interesse; o foco do discurso está voltado para o defunto que não aparece para inaugurar o cemitério. Assim o filme se fragmenta com os personagens “levando a vida” indiferente à política e nem ao menos compreendendo que suas vidas estão sendo traçadas por um populista. As irmãs Cajazeiras estão preocupadas com o “solteirismo” imposto pelo prefeito, já que na cidade não tem oferta de homens. Zeca Diabo, pistoleiro regenerado, é usado pelo prefeito para arranjar um defunto; até o presidente da oposição (comunista) aceita propina para se calar diante de tantos absurdos. E Odorico é morto porque seu nome é vinculado a um crime passional.
Guel Arraes dirigiu o filme com a sabedoria e capacidade que lhes são próprias. Usando um recurso subjetivo de conotação de veracidade faz uma ligação do que se sucede em Sucupira com o golpe de 64, já que a novela, O bem amado, protagonizada pelo falecido Paulo Gracindo é verdadeiramente anterior ao golpe. E num dos momentos críticos, apresenta as diversas correntes política – inclusive o presidente Luiz Inácio da Silva – no palanque com promessas de apoio ao povo sofrido brasileiro.
Agora você deve está se perguntado: o que há em comum tudo isso? Assista o filme, olhe para sua vida, e se pergunte: sou alienado?, deixo-me  ser manobrado por discursos ideológicos? Se sua resposta for tanto faz, sempre existirá um aproveitador, lembre-se de cobrar a lição de casa de seu filho, e se perceber que ele não consegue avançar procure a escola, o professor, a diretora. Se nada der certo seja radical, não vote novamente no seu político de estimação: O BEM AMADO. Apenas divirta-se com ele, ele é o palhaço, que nos faz de idiotas.

sábado, 28 de agosto de 2010

ALUNOS E PROFESSORES: CONFLITOS OU CONFRONTOS IDEOLÓGICOS.

 

Às vezes é difícil mesmo fazer o dever de casa passado pela escola onde se estuda. E o é por um único motivo: não se ensina estudar, toca-se a matéria como se come batata frita, não importando se é causa de problemas orgânicos.

Quem perde? O aluno, sempre. Perde porque fica limitado a um determinado grupo social marginalizado, normalmente de baixa renda e condições precárias de vida.

E o professor? Esse faz a diferença porque é estudado, e está empregado. Mas às vezes acontece o inesperado na sua conduta:

- Por que não teremos aula hoje? Pergunta o aluno

- O professor adoeceu.

- De novo?

Aluno e professor, duas forças que se conflitam diariamente com interesses aparentemente concordantes, mas que não se conciliam por diversos fatores desagregadores de ambos os lados: família, ou ausência de família na educação dos filhos; ausência de proposta pedagógica que contemple a atividade educacional com eficiência, ou que pelo menos chegue à sala de aula; ou seja, que saia do laboratório, maior beneficiário de verba pública em detrimento do ambiente educacional. Mas principalmente pela percepção das forças envolvidas, principalmente pelo aluno, beneficiário direto da farsa de que o sistema (entenda-se o capital) necessita de mão de obra não especializada como reserva para um mercado em expansão; é mais ou menos como uma casa que mantém duas caixas d’água; uma para uso corrente e outra que será utilizada na falta da primeira, e enquanto isso não acontece é relegada a um canto qualquer sob condições de higiene precárias. A conseqüência é que a máquina educacional trava por falta de comprometimento e confronto com o embasamento social constituído. Dessa forma, o aluno tende a crê, por repetição, já que os estímulos positivos não surtem mais os efeitos desejados uma vez que o código linguístico não se renova. Então ele compreende que nunca se formará médico ou engenheiro, em verdade se repete nos calos de seus pais quando ainda enfeitiçado pelo discurso subjetivo da ética.

- Estuda menino (a)! Se quiser ser alguém na vida precisa estudar. Diz a sociedade cativa desse jogo de cartas marcadas.

O garoto (a) ao caminhar pelas ruas apreciando os belos automóveis, casas, roupas, etc.. cotejando com o seu ambiente de moradia, quer acreditar que estudando terá acesso a esses bens, e os teria se lhe fosse dada a oportunidade em condições de igualdade com as classes que se reproduzem em ambiente diferente, abastadas. É uma lógica perversa, porém intrínseca ao capitalismo. Sua esperança estaria nas “mãos” do professor (pelo menos uma melhora substancial no seu padrão de vida), a quem compete exercer o ofício de educar. Infelizmente ele, professor, negocia com o sistema em bases desiguais, não por incapacidade, mas por persuasão financeira. O salário sempre perde, tornando a prestação de serviço eficiente para os interesses dos mais fortes representados pelo poder público.

Poderíamos questionar então o motivo pelos quais esse garoto (a) e esse professor elegem os mesmos representantes que lhes fecham a porta de entrada social: Propaganda ideológica, capaz de alterar o campo cognitivo da pessoa, e ironicamente esse mesmo sistema é reabastecido por esses mesmos personagens sustentando indefinidamente o conflito, nunca o confronto...

E você? Já fez a opção DEMOCRÁTICA da obrigatoriedade do voto, e escolheu seu próximo candidato? Pense no seu País e nas possibilidades de melhoria de vida se souber identificar o melhor candidato por debaixo das diversas camadas de apelo ideológico. Tarefa difícil, Deus nos ajude!

Esse é um ponto importante, porém como o texto está bastante extenso farei nova postagem tentando compreender a perpetuação do poder público nas mãos de uns poucos privilegiados.