domingo, 8 de novembro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO



O julgamento de judas


Comecemos do início, como deve ser.
A poesia mais representativa de meu avô, - trata-se na verdade de um trabalho de meu avô que me foi entregue - “O julgamento de Judas”, quando lido isoladamente não tem substância própria, mas se confrontarmos com a totalidade dos escritos percebemos que há nele uma confluência. E foi assim que estabeleci uma linha sobre a qual me equilibrei para que pudesse obter o resultado que desejava: promover uma ligação entre
poema e homem que, não tendo ânimo para indisciplina prefere, através da poesia, retratar a vida sob determinada ótica.
para conseguir esse resultado havia que trabalhar a biografia do homem ligado à obra, sem dar, contudo, maior expressão a um que a
outro.
Transcrevo a primeira parte do poema que é dividido em: “Perante tribunal”, “defesa”, “Condenado”


Perante o tribunal


Senhores! Eu sou Judas o proscrito
Que traz à face o estigma de maldito
Há quase dois mil anos.
E, neste tribunal imaculado,
Por crime de traição serei julgado,
Por vós que sois humanos.



Ouvi, Juízes: -É simples minha história
Que tem a maldição, em vez da glória,
Tem trevas, não tem luz.
Eu vivo, pelo mundo, só e errante,
Insultado, ofendido, a cada instante
Co’ a maldição da cruz.



Um beijo eu maculei. E, por dinheiro,
Denunciei Jesus, o companheiro
Que servia de exemplo…
Era o filho do Pai que a nós pregava
Bondade, amor e fé e que expulsava
Os vendilhões do Templo.



Era o Mestre querido e Sua doutrina
Ainda hoje perdura e nos ensina
Amar ao Senhor Deus…,
E o Seu Reino era outro, diferente,
Onde havia justice e um Pai CLEMENTE
A Reinar lá nos Céus.



E todos nós, discípulos, seguíamos
Seus passos e outra coisa não fazíamos
Senão obedecê-Lo.
As Suas leis, por nós, aos fariseus
Eram ditas, também aos bons judeus,
Com todo amor e zelo.



Mas, disse-me Jesus: -“Tu me trairás”…
Era o nosso destino…
E Simão O negou por obediência
E eu O traí, sem ter a consciência
Daquele desatino…
Vendi-o - a Caifaz e seus sequazes



Conhecendo-os de quanto eram capazes
Num falso julgamento…
E eu vi Jesus ser preso e condenado
Morrer, entre ladrões, crucificado
Com tanto sofrimento…
Jesus a Quem amei! E o meu tormento



Desde esse dia, até neste momento,
É o nome de traidor.
Como um ferrete, em brasa, dentro d’alma
A queimar-me o corpo e não se acalma
Em meio a tanta dor.

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