domingo, 15 de novembro de 2009

ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO, PARTE I

O JULGAMENTO DE JUDAS

Como dizer a uma população essencialmente cristã que o maior traidor da história  do homem não foi traidor!
É preciso que se diga que não estamos tratando do Judas histórico, mas do homem que se traveste de um pecado não assumido, mais imposto por autoridade  superior. O argumento é até simplório: Judas, como qualquer nome, foi escolhido por Deus para que se cumprisse um programa no qual Cristo, aqui entendido a força da natureza, fosse glorioso. Esse papel foi cumprido na totalidade, inclusive se observarmos o evangelho de Judas (apócrifo) veremos que Judas contribuiu para a libertação da alma de Jesus presa a um corpo físico, livrando-se do invólucro carnal  - pensamento gnóstico .
O homem a quem nos reportamos está amargo com aquilo que associa como traição e para criar a imagem de que necessita utiliza-se da traição de Judas. Nada mais.
A segunda parte,
DEFESA:
Assim se escreve a história do calvário
-cujo tema é fugaz e mesmo vário-
Num cenário de dor…
Sobre mim desce o látego que inflama
E em Jesus uma auréola se derrama
Entre cantos de amor.

Não foi pelo remorso que eu chorei,
Nem também de remorso me enforquei
Mas pela maldição
De jogarem-me contra a humanidade
Como um réu de traição e de maldade
Sem direito ao perdão!...

Mas, eu NÃO O TRAÍ! EU FUI TRAÍDO!
EU NÃO PUDE VENCER! EU FUI VENCIDO!
ETERNO CONDENADO...
CUMPRÍ O MEU DESTINO... ESTAVA ESCRITO!
E NÃO PUDE ELEVAR ESTE MEU GRITO
DE UM JUDAS REVOLTADO!

Coube a Jesus a parte mais simpática
No cenário da vida, e a antipática
Foi feita para mim...
E eu senti, desde logo, a crueldade
Contínua dessa mesma humanidade
Que julga sempre assim...

Perdoai meus senhores, a Paixão
Que me ferve, no sangue, o coração
Por não ser compreendido...
Mas, pensai: P’RA JESUS TER SUA GLÓRIA
PRECISAVA UM TRAIDOR NA GRANDE HISTÓRIA
E FUI EU O ESCOLHIDO!...

Traí Jesus, pois fui determinado
A cumprir, com tristeza, esse meu fado
E esse fado eu cumpri...
Se houve um “Cristo” fui eu. E se houve ofensa
A mim foi feita e, nessa dor imensa,
Até hoje vivi...

E JESUS PRECISAVA P’RA SER CRISTO
QUE UM JUDAS O TRAÍSSE; SOMENTE ISTO...
SENDO ASSIM – FUI TRAIDOR!...
Mas é neste gesto tão sublime
Que toda humanidade se redime
NO CRISTO RENDENTOR...

ONDE ESTÁ O MEU CRIME DE TRAIÇÃO?
NÃO FOI DEUS QUE ESCOLHEU DE CORAÇÃO
UM JUDAS QUE SOU EU?
Jesus ressuscitou... Subiu aos céus
E a Judas, condenou-o o próprio Deus...
Mas, Judas não morreu.

Vive e sofre, sem fim, a sua sorte
Sem destino, sem fé, mesmo na morte
Eterno caminheiro.
Mas espera que o vosso julgamento
O absolva, para sempre, do tormento
Perante o mundo inteiro...

Que a vossa decisão seja de um justo
Sem que apliqueis o “Leito de Procusto”
Por temor ou receio....
Por que Jesus, no Drama da Paixão,
Morreu feliz, pois teve a compaixão
De Maria, no seio.

E agora meus senhores, consultai
Vosso amor, vossa fé, e então julgai
Este Judas proscrito...
Calai o coração. Não tenhais sustos,
Atentai à razão e sede justos
No vosso veredicto.

E tu humanidade, não te iludas:
- Cristo existe porque buscou um Judas
Em meio à cristandade...
E eu Judas, oh cristãos, somente existo
Porque houve o sacrifício desse Cristo
Por ti – HUMANIDADE!...

(E Judas a seguir, foi ser julgado
Por esse tribunal imaculado
Num recinto de luz...
Estudaram do réu, seu grande crime
E concluíram que nada mais redime
A morte de Jesus...)

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