sexta-feira, 5 de junho de 2009

Escola: Caso de Polícia?

Quanta saudade da Escola pública de outrora...!
Recanto de divertimento e aprendizagem, de socialização... O mundo era além dos livros, era produto de nossa imaginação, infinito, absoluto, nossa matéria-prima; tudo podíamos e queríamos... Éramos construção, produto emancipável, e isso nos motivava a "exigir", a querer, uma escola valorativa dos princípios democráticos institucionais tão dolorosamente conquistados.
Matéria publicada na página POLICIAL de "A GAZETA" de 05 de junho de 2009: "Ação de bandidos deixa duas escolas sem aulas".
Matéria publicada na primeira página de "A Notícia Agora": "Traficantes dão ordens e fecham escolas: Em vitória, escola no Morro da Fonte recebeu ordem para não abrir"...
A QUEM INTERESSA O FECHAMENTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS?
Título da manchete do periódico Notícia Agora: "È melhor errar e garantir vidas". "Diretora da escola do Morro da Fonte Grande, Yvone Moraes, preferiu não desobedecer à ordem". Desobedecer à ordens; (de quem? quem manda?) eis o grande vilão dessa história dolorosa. O sentimento de impunidade, de incerteza, de fragilidade diante de um poder que nos ameaça todos os dias vai destruindo aceleradamente toda possibilidade de cidadania. E o que acontece quando a sociedade é obrigada a conviver com regras frouxas de comportamento?
Contactada pela imprensa, a Prefeitura de Vitória emitiu nota oficial: "Em momento algum a Prefeitura foi comunicada sobre o fato". Isto é, no mínimo, escandaloso; desrespeitoso para com a população que exige respostas claras. Não consigo conceber o poder público com uma fala tão infantil... Assim prefiro, a dizer outra coisa...
A manchete vai mais além: "A decisão de fechar as portas da escola coube exclusivamente à diretora da unidade de ensino". Nota-se nessa fala da assessoria de imprensa da Prefeitura de Vitória um desejo imperioso de manter-se à margem de todo processo, ou seja, o uso político da instituição com o sentido claro do não comprometimento junto à população votante. Pior, querem usar a Diretora que teve uma postura sábia na defesa do patrimônio público, bem como na segurança de todos àqueles que, direta ou indiretamente, estão presentes à unidade de ensino, como única responsável pela ausência do Estado quando manifesta uma decisão fundamentada puramente na razão.
Insisto na pergunta: A QUEM INTERESSA O FECHAMENTO DA UNIDADE ESCOLAR?
O tráfico, como todos sabem, inclusive a PM, quer dominar o morro e estabelecer um Estado paralelo. A Escola, base e sustentação de uma possibilidade, é barrada institucionalmente na medida exata desse fino véu do legal e institucional e do ilegal.
Qualquer pessoa de bom senso teria agido da mesma forma que a diretora. Apesar do seu acerto, a estrutura institucional pedagógica é bem provável que a condene. E mais uma vez veremos a Escola em alto relevo na sessão de segurança dos periódicos capixabas que dedicam meia página para um assunto de tão grande importância, ao passo que dedicam páginas várias para o futebol.
Engraçado (?) que a secretaria de cultura questiona a ausência de público no teatro Carlos Gomes.
HIPOCRISIA, EIS A MORAL FINAL DE TODA ESTA HISTÓRIA.

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