domingo, 21 de dezembro de 2008

Uma experiêcia de outro mundo

O grupo formador do "CANTO SOLIDÁRIO" fez apresentação ontem dia 01 de Dezembro de 2008 no Teatro Carlos Gomes. O espetáculo"sempre Bossa", com rico repertório da música popular brasileira, era aguardado com ansiedade . É interessante saber que toda arrecadação, que teve apoio da Secretaria de saúde do Estado do Espírito Santo - coordenação estadual de DST e AIDS, foi revertida à casa Sagrada Família com o mote: "não cruze os braços para a dor da AIDS".
O espetáculo, marcado para iniciar às 20 horas, teve início com uma hora de atraso; considerado o palavreado dos patrocinadores bem como a pregação de Pastor com direito a exposição de filme. Tudo em favor do mote. Ficamos solidários à causa afinal descruzar os braços soa como auxílio solidário: médicos, comidas, remédios etc. Caimos então no ritmo da Bossa Nova; Elaine Rowvena, sempre sorridente, cantou os sucessos de Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim, Vinícius de Morais... E eis que de repente o palco é tomado por desfile de coleção Verão-Praia. Santo Padre! cada mulher! Bem, enfim vamos ouvir música, quero música, Respeitem meu direito de ouvir música.
O Coral Arcelor Mittal fez-nos uma curta apresentação deixando-nos com um dedinho de saudade. Elaine Rowvena então nos brinda com uma imitação infantil, fazendo-nos um momento de descontração
Agora que já se faz hora de irmos embora, Elaine Rowvena sugere dar-mos às mãos sob o pretexto de que naquele momento "um terremoto" abalaria nossas vidas... Acho que tinha razão, afinal Bossa Nova e religião se repelem mutuamente.
Credo! só quero ouvir música.

Eu li Machado de Assis

Toda leitura faz-se necessária!
Lendo um jornal de renome, ou mesmo um periódico especializado em venda de celular, deve-se sempre considerar a importância da informação lida para ajudar a compor a imagem da realidade.
Assim pensando, sempre assim pensando, aventurei-me numa leitura tida por muitos "difícil" e entoada como essencial, principalmente na formação acadêmica. Cobiçava compor meu mural informativo, ampliar a paisagem do conhecimento e, acima de tudo, e por tudo, refestelar-me com esta arte nobre da cultura humana - literatura. De tal arte, dei-me voluntariamente as páginas de Quincas Borba; romance escrito em 1891 dez anos após Machado de Assis ser ovacionado pela crítica com seu maior , ao menos na minha opinião, sucesso literário: Memórias Póstuma de Brás Cubas. Creio, e não sei até que ponto fui influenciado pela primeira, um colchão de reflexões, que exigi da segunda uma obra no mínimo irretocável; bem, não foi exatamente isto o que aconteceu. Em Quincas Borba, a história é acanhada, tímida mesma: Rubião, após a morte de Quincas Borba -personagem já aparentado em Brás Cubas- de quem herdou a fortuna e informes de uma nova filosofia - Humanitismo - muda-se para a corte - Rio de Janeiro- convivendo com o casal Cristiano e Sofia. por esta se apaixonando. Neste ponto, Machado escancara todo seu poder irônico fazendo-nos rir das desventuras românticas de nosso herói e que, por detrás deste verniz, explora a ambição do interesse das relaçoes humanas, assunto já apropiadamente abordado em Brás Cubas.
Então, por que ler Quincas Borba?
Talvez esperemos uma nova revelação. Talvez Machado, numa nova empreitada, nos revele um novo conceito, uma nova idéia. Isso não acontece. Ao contrário, Machado faz-se Machado de Assis e é aí que faz sentido lê-lo. O primeiro capítulo nos mostra Rubião com seus pensamentos de riqueza a contemplar o mar e sua casa, o que foi e o que é para, logo em sequida, mostrar-nos sua morte em Barbacena. Seque-se a morte de Quincas Borba narrada em capítuloà parte. Nesse momento você, leitor que por vezes sequida tentou antecipar os capítulos, se deparará com o autor Machado de Assis que lhe dirá: "é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá título ao livro, e por que antes um que o outro, -questão prenhe de questões, que nos levariam longe..."
Então, quando olhar os destroços de uma querra não condene o homem, condene-se a sí mesmo. A querra foi produzida e planejada, e, você... "Aos vencedore as batata.." - Machado de Assis.