domingo, 20 de fevereiro de 2011

PAIXÃO QUE MATA

 

INDICAÇÕES OSCAR 2011

FILME: CISNE NEGRO

ATRIZ: NATALIE PORTMAN

DIRETOR: DARREN ARONOFSKY

MONTAGEM

AVALIAÇÃO PESSOAL: EXCELENTE

ASSISTA AO TRAILER :

“É preciso ter o diabo no corpo para vencer em qualquer uma das artes”. ¹ Disse certa vez Voltaire -filósofo, escritor, diretor... Francês- ao exigir, da atriz que iria representar sua Tragédia, Mérope, viúva de Cresfonte, rei de Melleve, perfeição na simulação do sentimento de paixão. Ela reclamava que era preciso ter o “demônio em pessoa” no corpo para corresponder o que ele exigia.

O demônio da atriz foi exorcizado pelo médico vienense Sigmund Freud através da Psicanálise, que busca o significado “oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, ou delírios, as associações livres, os atos falhos.”

O que Voltaire entendia como “diabo” Freud compreendeu “prazer”, e associou a sexualidade como sendo a fonte. Ele dizia que a busca do prazer é a “maneira que temos para dar vazão ao forte impulso sexual que chamamos libido”. Cabe a sociedade normatizar essa vazão, e assim chegamnos ao ponto onde queríamos com toda essa “pajelança” teórica, ou seja, a energia sexual, para a psicanálise, é a mesma energia que utilizamos para trabalhar, divertir, produzir conhecimento, enfim, a energia responsável pela criação do que conhecemos como civilização humana.

Cisne Negro é o nome da peça teatral ansiosamente aguardada pelo público. Em verdade a história trabalha em duas perspectivas de abordagem do sentimento amor/paixão como objeto sobre o qual investimo libido: o cisne branco por quem o príncipe se apaixona e o cisne negro, que o seduz fazendo com que o cisne branco se mate; a bailarina deve representar os dois papéis.

A escolhida tem uma relação não bem resolvida com a mãe, e trabalha o sentimento de amor construido pela sociedade enquanto discurso repressor, modelo do amor perfeição. Por outro lado tem dificuldade em se ajustar ao modelo paixão, exigido pelo diretor na cena da dança do cisne Negro: entrega louca e desvairada ao ser amado. Esse sentimento represado começa a ser combatido pelo corpo com vômitos, dores, sofrimento de angustia e incerteza.

Só então, quando ela descobre a mãe na platéia, numa atitude de rompimento, baila com a perfeição exigida pelo diretor, ou como Voltaire desejava de sua atriz: com as “forças do demônio”.

Tallentyre. A vida de Voltaire, terceira edição; pg 145.

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