domingo, 25 de julho de 2010

Uma fábula política brasileira: De Dentro e De Fora, fora com Da Média

Eram dois irmãos: De Dentro e De Fora.

De Dentro era o mais velho, e por isso achava-se no direito de não trabalhar.  Dizia que o dinheiro da família devia ser empregado com parcimônia. Gostava de whisky, ópera, e de dá porrada no irmão. macaco Passava os dias vigiando o irmão, dormindo ou viajando para descansar.

As mais das vezes ficava pensando alguma forma de sacanear o irmão, De Fora. 

De fora, o mais novo, gostava mesmo era de praia, sexo,  rock e   cerveja com samba e mulher melancia.

Não conseguia ficar mais de um ano no emprego. O patrão não entendia que De Fora precisava descansar pelo menos quatro dias na semana. Andava cansado. Ganhava o auxílio desemprego e ficava esperando que o dinheiro acabasse para procurar outro, afinal não fazia sentido procurar emprego quando tinha um salário que supria suas necessidades básicas de garoto que ama a vida.

Como De Fora estava ficando mais tempo desempregado do que o costume, começou a ser ameaçado pelo irmão, que entendia que com esse comportamento não conseguiria tomar mais seu whisky, nem viajar. Não teve dúvidas, comprou um cachorro maluco, de nome maluco, que mordia De fora todas as vezes que ele sentava à mesa para comer.

Aconteceu que os dois irmãos eram apaixonados pela mesma  garota legal do bairro. Todos a admiravam. Era cristã, estudiosa, ficava as noites acordadas se perguntando  por que as estrelas não caiam do céu, nem por que as pessoas não despencavam da terra que era redonda, ou por que seu nome era Da Média, que merda!

De Dentro dizia que ela era sua namorada, De fora dizia que  tinha almoçado Da Média.

A verdade era que Da Média dava e namorava os dois irmãos, mas não se definia por quem casar. Gostava do carro de Dentro, mas quando via o rebolado de De fora exasperava-se, contorcia-se e esquecia que era namorada de De Dentro.

E assim o tempo foi passando para os três. Com almoços às escondidas de Maluco…, umas três mordidas no traseiro de De Fora, que a essa altura da história emagrecera uns 10 kg.

Da Média preocupada com o Enem e De Dentro tentando uma maneira de achar dinheiro sem fazer esforço.

Numa manhã de primavera, fazia frio, De Fora resolveu comer uma banana antes de ir à praia surfar. Maluco, o cachorro, quando viu De Fora descascar a fruta atirou-se com toda responsabilidade de cachorro abocanhando certeiro  a banana de De fora, que teve de ser operado às pressas por Sus, amigo de De Dentro.

Da média rezou uma semana para Santos e Santas e até matou uma galinha, e por via das dúvidas foi a um terreiro levar seus votos de devota. Afinal, De Fora não podia ficar sem a banana. Imagina que desgraça, dizia ela desconsolada.

Mas houve um contratempo, era aniversário do filho de Sus.Faria quinze anos o cabra.  Sus prometera quando o garoto nasceu que  quando atingisse a idade de quinze anos levaria o “filhote” para “zona”, conhecer mulher, essas coisas de macho. Tudo preparado. Então Sus acordou cedo e foi acordar o filho. Bateu várias vezes na porta do quarto. Sem resposta. Abriu-a, tudo escuro e nada do filho. Sus saiu correndo pela casa desesperado com a ausência do menino. Sumira justamente no dia em que faria 15 anos.

Acordou a mulher que fora dormir com calcinha  de leopardo e um pompom vermelho costurado à MÃO, e NÃO…Sus não observou esse pequeno detalhe. Nem podia, estava ansioso com o presente ao filho que agora sumira.

- O menino foi passar a noite na casa da namorada. Logo estará em casa, homem. Baixe esse fogo que deveria ter sido acesso ontem à noite para assar o leopardo. Agora ele deve estar longe, em outras paragens, fugiu para outras matas e não tem dia para voltar. A essa altura é provável que seu filho tenha caçado o animal e deva estar chupando os ossos.

Sus não se conformou e ligou para o patrão dizendo que não trabalharia nesse dia porque o filho havia sido raptado. “Qualquer dúvida é só contatar o sindicato.”

Da Média achou uma baita sacanagem do Sus.

E agora? Sem a banana de De fora seu mundo ficava sem sentido. Ligou para De Dentro exigindo uma solução. De Dentro alegou compromissos de última hora. Indagou o que tinha  haver com a banana do irmão. “Por que essa preocupação com um imprestável que vive nos botecos enchendo a cara sem responsabilidade?” Havia algum motivo especial para Da Média “exigir” uma ação? Nunca se envolvera com problemas tão pequenos… agora exige?

Frustrada, Da média resolveu dar uma banana à De Dentro, que não se preocupou com seu problema, mesmo correndo o risco de não mais andar de carro. Correu aos braços de De Fora apaixonada, e com as próprias mãos delicadas costurou a casca da banana de seu amado, que por pouco não caiu. Da Média, que implantou uma tala de  kriptonita na banana de De Fora, que agora achava-se com super poderes, tornou-se a mulher mais feliz do mundo jurando ser fiel e obediente à De Fora, até que De Dentro se desculpasse (esse detalhe De Fora nunca saberá).

De Fora então resolveu tomar satisfações com De Dentro que estava com sérios problemas com os EUA. Obama havia sido eleito e De Dentro achava que isso não era saudável para sua vida tranquila.

Então resolveram perguntar a Da Média quem ficaria tomando conta do dinheiro da casa. Ao que ela respondeu: Chegou a hora de De Fora botar a banana para fora e deixar De Dentro descansando.

Acordo firmado. Da Média agora come a banana – há exatos oito anos - de Dentro que ficou de fora, e namora De fora que ficou de dentro. Sua nota no Enem foi muito baixa e ela ainda se pergunta por que as estrelas não despencam do céu.

“De preferência na cabeça dos dois irmãos.”

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