sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Insônia

Deito, quero dormir.
Viro para a esquerda, direita, olho para o teto.., O teto! Há efetivamente um teto, é ele que não me deixa dormir. Limita meu raio de visão. Mas, se não quero ver? Quero dormir!
Não consigo fechar os olhos, insistem desafiantes ficar abertos. Eles insistem querer continuar vivendo.
Viver para quê?
Dormir é morrer? É falta de informação, de experiência.
Talvez seja essa a morte dos poetas.
Mas, que droga, não a minha, só quero dormir. Que se dane a experiência e a ciência, dane-se o homem e a noite e a poesia, dane-se a vida, porque só a terei se dormir e não consigo.
Oprime-me ficar pensando, então levanto da cama. Ainda consigo levantar.
Caminho incerto na escuridão da noite, minha companheira de insônia, incerto por entre quartos, sala e cozinha incertos, com a certeza de que tudo é incerto: minha vida, meu salário, minha escova de dentes, meu óculos...
Meu sono é incerto, não tem dia, não tem hora. Nem lembro quando dormi a última vez.
Cadê meu cigarro?
Não tenho mais cigarros, faz mal aos nervos, prejudica o sono. Não, efetivamente não é o teto que me oprime, é o cigarro.
O cigarro recolhe ao governo 77% de imposto sobre a produção e venda.
Com toda essa dinheirama constroem-se casas populares com tetos baixos, um quarto e uma cozinha.
Preciso de um cigarro para dormir.
cigarro i

2 comentários:

  1. gostei do seu texto, Ricardo..
    não sei pq, mas tenho uma queda por textos metanalíticos em 3ª pessoa =D

    agora que sei seu blg, virei sempre!

    Beijos!

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  2. O texto pode ser legal mas essa de querer o cigarro de volta...hummmm estou ficando preocupada!! Depois de todo esse tempo dormindo, apesar do teto baixo....rsss

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